Hoje poderia ser mais um dia daqueles pacatos, onde a rotina monótona quase aspira a sono. Mas foi diferente, hoje foi dia de vinho. Há tanto tempo não me sentia inspirado a falar sobre uma bela garrafa de vinho, (e sim repito que garrafa de vinho),
O vinho mais exótico que experimentei da fonte, cheio de extremos e notas que se contrastam de maneira a assustar o "bebedor", um vinho forte, encorpado, ruivo, mas ao mesmo tempo delicado, selvagem, romântico, clássico. Se fossemos juntar todos os adjetivos e qualidades desse vinho as coisas não bateriam muito bem, mas conte-me caro leitor que vinho é feito só de palavras escritas. Esse tinto não foi diferente, todas as impressões escritas acerca caíram por terra, assim que o ví na taça. Analisei todos os seus pontos, cores, cheiros, apreciei aquela obra de arte antes de degustá-lo. Além da vontade de beber da fonte, precisava entender toda aquela complexidade.
Na degustação , parece-me que ele foi feito para o meu corpo, um encaixe perfeito em minha boca, um sabor extremamente delicado, cheio de notas de frutas vermelhas, aquelas que remetem a alegria e nostalgia. Ao saborear a taça pude me remeter a várias lembranças boas, daquelas de momentos onde não nos preocupamos com nada, como se tivesse encontrado o meu lugar ao mundo. Delicioso.
Uma taça desse vinho foi como imenso prazer carnal, daqueles que só se tem uma vez na vida com a alma certa.
Engraçado como são as coisas da vida, um passeio no supermercado, cheio de outros vinhos, cheio de imagens do que pode ser o vinho perfeito, ou até mesmo aqueles que se tem em sua adega não proporcionam tamanho encanto como um vinho achado acaso em uma prateleira de supermercado. Não sei se beberei de outros ao longo da vida, mas esse certamente estará em cada mesa de refeição acompanhando de pratos muitos complexos: "paixão e amor".
