terça-feira, 25 de novembro de 2014

A menina e o céu

E ela olhava todas as noites para o alto, esperando ao menos que poucos dos seus desejos viessem a tonam como corpos celestes que caem do céu.
Certo dia vislumbrou uma nova estrela, daquelas que não se nota todos os dias, nem mesmo ela, notou por todos os seus vinte e poucos anos. Dizia a moça que a estrela brilhava para ela, mas de onde se via a cena, não era possível dizer, se o brilho da estrela estava em seus olhos.
Cada dia um novo desejo, um anseio, mas a jovem insistia em subir à janela e esperar pela estrela, esperar pelo céu, como quem almeja a vida.
Dias, talvez meses e anos se passaram. A pequena, faria sempre uma interpretação diferente daquela imensidão escura de cada noite. Experimentou de todos os sentimentos, nos quais os mais difíceis se destacaram.
Até que uma noite, fria, escura, onde a chuva e as nuvens tampavam suas estrelas, ela enxergou novamente o céu, o seu céu, onde tudo parecia fazer de certo algum sentido. Todas as notas dos uivos de cada vento, ou cada suspiro de seus pedidos agora era atendido, por algo de outro mundo, um outro lugar onde talvez se encontrou. E enfim repousou, pois sabia que nem todo paraíso era de todos iguais.

domingo, 26 de outubro de 2014

Introspecção

Escrevo a um breve interlocutor
não aquele que não encontrei,
mas, só e somente só, aquele que lhe traz a esperança.

Curvas frias do meu corpo jogado sobre a cama
Feixe de luz que revela toda a nudez e transitoriedade da minha alma.

Joguei-me ao primeiro conjunto de notórias palavras que ali se encontravam no papel.

Teria sido o mundo uma grande verdade, o dia seguinte ?
Questionava-me a cada lampejo de memórias

Desejava apenas a duração de todas aquelas palavras,
conjuntas, conectas, condizentes.
Almejava o significado delas.

Se todo ser tem seu alento ao universo,
talvez naquele momento, encontrava o meu mundo.

Cintilante, certeiro, sereno.

Momento onde olhei através do reflexo de tela pequena,
aquilo que parecia ser eu outra vez.

E que nenhum devaneio justifique a aura,
onda de prazer perspicaz,
que fora me levantar.

domingo, 14 de setembro de 2014

A Busca

De todos os locais o mais improvável,
de todos os segundos os mais insaciáveis.

Desde a escuridão, ao tato,
tudo lhe soava incompreensível

Se a todos os porquês, nenhuma resposta era dada
A cada madrugada um pensamento novo.

O improvável tomava forma
a cada falta que tudo que não fora sentido antes lhe fizera no momento.

Entoava o canto,
olhava ao relógio,
O display daquela conversa parecia-lhe não mudar muito a cada picadela.

O perto parece-lhe tão distante,
que nem sussurros mais discretos seriam ouvidos.
Onde estaria aquilo que bateria em seu coração ?

E as palavras,
sinceras e honestas,
que apenas aumentavam a falta do que aquilo lhe fazia.

Nem tudo se acha
em uma busca ao dicionario,
ao pé da letra, você não está ali.

domingo, 20 de julho de 2014

A Solitária

E ele era apenas mais um cara deitado
com apenas seu mundo ao redor.
Alguns sonhos e a falta de outros,
quase nada o motivava mais
além da ideia de se forçar a seguir em frente.

Seus olhos vidravam ao nada
assim como a mente permutava a pensamentos incompreendidos,
mas a um instante, de longe, vinha um sino,
não aqueles de romaria, nem anunciava nada que lhe fosse esperado.

Agora tudo que lhe fixava eram aqueles olhos. 
Horas se perguntando de onde será que vinham,
ou talvez onde iriam lhe levar.
Talvez tudo aquilo fosse como uma onda,
onde iam e viam as emoções.

E não era obsessão, talvez fosse o desejo,
que o movia-o a vontade de entrelaçar os dedos naqueles dourados fios de cabelo.

O tempo passava mas as linhas da folha de papel
permaneciam ali, a horas.
Será que tudo aquilo lhe fora tirado,
o riso, o sorriso, a esperança.

Pensara ele que talvez todo momento passado
não passava de uma ilusão da madrugada,
um delírio envolvente.

Chamar, gritar por aquele nome,
não seria útil,
nada dito ali naquele momento,
seria ouvido tão distante,
nem mesmo pela sua consciência.

Tocar ao ar,
não materializaria,
nada sobre o que ele desejara encontrar

E voltara a cama só,
apenas ele e as memórias
apenas ele e a sua esperança
de apenas mais uma vez.          

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Renascimento

De tudo que foi dito, nada mais restado
todos os cacos do seu orgulho haviam ali despedaçados
A mancha de sangue recobria a tenacidade do chão frio

Onde antes ouvia-se vozes convictas
restava apenas o silêncio profundo

Já era tarde e ele levantara
Não reconhecia mais os passos recém dados
Da fantasia à ilusão

Não sabia se era apenas um sonho
ou tudo aquilo fora real.

Marcas, cicatrizes, dor..

Sua mente ressoava em uma potente transe
era ela, ela esteve ali de alguma forma.

A transcendência da tênue linha entre a vida e a morte o revelara
talvez o correto fosse seguir em frente,
Afinal alucinações não são reais.